'Recrutamento' de brasileiros nas redes sociais para guerra na Ucrânia segue mesmo após mortes e desaparecimentos

  • 31/07/2025
(Foto: Reprodução)
Família de brasileiro que morreu na Ucrânia tenta localizar corpo Mesmo após mortes e desaparecimentos, o "recrutamento" de brasileiros para a guerra entre Ucrânia e Rússia segue acontecendo abertamente pelas redes sociais. Anúncios que prometem apoio logístico e experiências militares continuam circulando entre interessados em se alistar como voluntários no conflito. O Ministério das Relações Exteriores informou que nove brasileiros já morreram e 17 estão desaparecidos na região do conflito. Em um alerta publicado no site, o Ministério das Relações Exteriores informou que tem registrado um aumento no número de brasileiros mortos ou em situação de grave dificuldade após se alistarem voluntariamente em forças armadas estrangeiras envolvidas em conflitos. A pasta recomenda que propostas de trabalho com fins militares sejam recusadas. O Itamaraty alertou ainda que, nesses casos, a assistência consular pode ser bastante limitada, devido aos termos dos contratos firmados entre os voluntários e os exércitos de outros países. Esta reportagem mostra como os brasileiros continuam sendo recrutados a partir dos seguintes pontos: Dicas de 'turismo de guerra' e pacote com 'rotas estratégicas Brasileiro morto após contato por rede social Como é o esquema de recrutamento para a Ucrânia Atuação de brasileiros não tem apoio institucional Relatos dos que retornaram Dicas de 'turismo de guerra' e pacote com 'rotas estratégicas Perfis em redes sociais que se apresentam como sendo de "turismo" mostram fotos de brasileiros com roupas militares em combate. Mais de uma dessas contas indica link que direciona para um grupo em aplicativo de comunicação instantânea em que homens trocam dicas e experiências sobre como ir para a Ucrânia. Esses grupos e perfis não se apresentam como oficiais nem apontam para nenhum vínculo com o governo ucraniano. As divulgações também não evidenciam ato irregular ou criminoso, pois se apresentam como meios de facilitar a realização de viagens. Um dos perfis contém vídeo de um homem indicando com quem falar para conseguir comprar passagens aéreas e ter suporte em caso de imprevisto. Também há posts em que são divulgados valores para comprar pacote para o "turismo de guerra" pelo que seriam "rotas estratégicas". São compartilhados, ainda, vídeos com transmissões na internet sobre como "não surtar" na guerra. Brasileiro morto após contato por rede social Gabriel Pereira, mineiro de 21 anos, está entre os brasileiros mortos. Segundo a família, ele foi recrutado por meio das redes sociais no início de 2025 e morreu em combate próximo à fronteira com a Rússia. O corpo dele ainda não foi localizado oficialmente, e o translado segue pendente. Os parentes afirmam que Gabriel partiu em segredo, após ser orientado pelos recrutadores a mentir sobre o destino. “O que a gente sabe é que ele foi direto para a linha de frente, sem treinamento adequado e sem estar com o passaporte. Desde o dia 3 de julho não tivemos mais notícias dele. Depois, amigos que estavam lá confirmaram a morte”, disse João Victor Pereira, irmão do jovem. A prática tem atraído também outros brasileiros. Gustavo Viana Lemos, de 31 anos, ex-militar da Marinha, deixou Santa Catarina para integrar o exército ucraniano. Ele está desaparecido desde uma missão na zona de combate. Publicações dos recrutadores nas redes sociais divulgando a viagem. Reprodução Como é o esquema de recrutamento para a Ucrânia O esquema é divulgado nas redes com promessas de ajuda para emissão de documentos e facilitação da viagem, que deve ser paga pelo próprio interessado. A orientação é compra da passagem apenas de ida. Segundo os relatos, muitos voluntários têm os passaportes retidos ao chegar à Ucrânia, o que dificulta sua repatriação em caso de morte. O Itamaraty confirmou que o recrutamento de brasileiros não exige autorização prévia do governo brasileiro. Atuação de brasileiros não tem apoio institucional Em nota, o Ministério das Relações Exteriores reiterou que "as Embaixadas do Brasil em Kiev e em Moscou estão à disposição para prestar assistência consular aos brasileiros localizados na Rússia ou na Ucrânia, bem como a seus familiares". A atuação dos brasileiros na guerra não é ilegal, mas também não conta com apoio institucional. Em posicionamento anterior, o Itamaraty recomendou evitar viagens à Ucrânia devido aos riscos elevados de segurança, especialmente nas regiões próximas às frentes de combate. O g1 procurou o Itamaraty, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Polícia Federal e as embaixadas da Ucrânia e da Rússia para questionar quais medidas têm sido adotadas em relação ao esquema de recrutamento, se há interlocução com os recrutadores e quais ações de apoio têm sido oferecidas aos brasileiros envolvidos. Até a última atualização desta reportagem, não houve resposta. Anúncio nas redes sociais de venda de passagens só de ida para a Ucrânia. Reprodução/Redes sociais Relatos dos que retornaram Entre os que retornaram, os relatos apontam experiências traumáticas e falta de estrutura. Um jovem, que preferiu não revelar a verdadeira identidade e se identificou apenas como “DC”, narrou episódios de violência, problemas de saúde e falta de apoio por parte do exército ucraniano. “Você vai morrer ali, seu corpo não vai ser resgatado, sua família vai tentar entender por que você foi”, afirmou DC, que retornou ao Brasil após fugir de uma base militar. Mesmo aqueles que tiveram experiências positivas junto ao exército ucraniano reconheceram os riscos e os impactos psicológicos da guerra. Os relatos de brasileiros que foram para o combate entre Ucrânia e Rússia Vídeos mais assistidos do g1 MG

FONTE: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2025/07/31/recrutamento-de-brasileiros-nas-redes-sociais-para-guerra-na-ucrania-segue-mesmo-apos-mortes-e-desaparecimentos.ghtml


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